O Instante Perfeito

Hoje é uma segunda, e por um motivo desconhecido o primeiro dia da semana se descansa, mas no segundo nos arrastamos carregando os últimos suspiros do desejo de que o primeiro nunca se acabe.
É chato, todo mundo sabe, e o melhor seria falar sobre o final do dia pois geralmente nada de interessante acontece no expediente normal, principalmente às segundas. Então, quando termina o dia, nós mortais, nos libertamos desta obrigação nada natural e eventualmente a maioria vai para casa vivenciar suas verdadeiras dúvidas, repletas de alegrias, tristezas, sonhos, lembranças e paixões.
Quando se fala desta forma a existência cria uma periferia poética, como se tudo se resolvesse ao dissolvermos a rotina em nossas buscas pessoais provavelmente sem solução. Então, no final da segunda caminhamos em direção aos terminais urbanos, aos milhares em todos os lugares, como formigas cegas tateando-se umas às outras.
As filas são extensas, onde estão um número de pessoas que rotineiramente se encontram no mesmo ônibus, e você imagina que nada se alterou, que a segunda realmente se perpetuará eternamente com seus grilhões ideológicos. Todos desistem e zumbimente se acomodam nos lugares que encontram e só sobram imagens que estão lá fora, tão normais, desprovidas de significados.
O ônibus vai partir e o último olhar para o vazio cotidiano se detêm fossilizado na qualidade sutil do ser humano, a elegância. Aquele ponto que nosso olhar se conserva num universo de imagens que se alteram, mas que podemos perceber pois nos chama atenção de uma forma admirável, delicada e cativante. Era você, discretamente elegante, “pretinho-básico”, de formas suaves no andar gracioso que se distanciou numa simbiose com a multidão.
O instante perfeito temporalmente é pequeno, mas a lembrança de uma imagem significativa, engrandece a vida, torna o pitoresco bonito, mexeu comigo, me fez pensar em você.

Bons Livros pra se Viver

  • Antologia Poética, Caslos Drummond de Andrade
  • As Três Irmâs, Tchekhov,
  • Cartas a Théo - Vincent Van Gogh
  • Como Quem Risca a Pedra, Paulo Sá Brito
  • Eu e Outras Poesias - Augusto dos Anjos
  • Moll Flanders, Daniel Defoe
  • O Macaco Nu, Desmond Morris
  • O Mundo Como Vontade de Representação, Arthur Schopenhauer
  • O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde
  • O Sofrimento do Jovem Werther - Johann Wolfgang Goethe
  • Pequeno Mundo, Hermann Hesse
  • Tocaia Grande, Jorge Amado
  • Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas - Pirsig Robert M.

Além do ponto...

Terra do Nunca, Imaginariun, Brazil
Um ser comum, eventualmente comunicável, geralmente distante, pensando...