Havia Drumond no meio do caminho, ou seria uma pedra?
O caminho não é único, é composto por partes,
Uma pedra, uma poça, lama, poeira, luz, sombra e escuridão...
A lua possui fases, o sol nasce todo dia...
Um beija-flor...
Paramos os caminhos, descansemos,
A fome abala qualquer descanso, então levantamos,
Caminhamos novamente...
Porque a gente pensa o caminho coletivamente?
Eu comecei sozinho o caminho,
Mas outros estão também caminhando...
Os poetas, filósofos, literatos, desprendidos,
Carregando seus símbolos e mitos,
Existência egocêntrica e repentinamente coletiva,
Caminhemos...
Frio, solidão, felicidades, transformações, instantes da eternidade.
Somos uma possibilidade de eternidade,
Os caminhos continuam, tortuosos, subindo montanhas,
Atravessando vales, e nunca mais voltaremos...
Outro beija-flor...
Descansemos agora neste instante à sombra de uma árvore,
Ouçamos o vento trazendo a saudade de outros caminhos,
Sentindo os oráculos que vamos percorrer,
Ouçamos o tarô da natureza...
Paramos? Mas como parar na eternidade?
O instante não possui movimento?
As solas do pé já são mais grossas,
E o corpo é mais suscetível aos espinhos do caminho,
Mas a malícia de quem já muito andou propõe precauções,
A eternidade envelhece a cada instante, mesmo parada...
Parei de caminhar, agora posso voar com o vento.
Marcon, agosto de 1997