Dicotomias


I.Ser racional pode ser considerado tanto benção como maldição, pois tomar consciência de si mesmo, romper nossa existência animal, perceber nossas limitações e impotências, é saber visualizar o próprio fim, a morte.
O homem é um animal que não encontra a solução para a sua existência e esta se torna um problema fundamental, e à procura da mesma, presta contas de si para si mesmo.
O homem é um ser original, não é idêntico a outro, por isso sua existência é solitária, porém, não consegue viver sozinho, faz o possível para viver em sociedade. Neste momento inicia-se a sua dicotomia existencial, procurando uma harmonia entre pensamento e natureza, través de ideologias e dogmas.
Porém, os sistemas mentais são insuficientes, devido o homem não ser desencarnado e não alcançar um sistema global mental. O monismo antropológico do corpo luta com o dualismo do “ser humano” ao acredita em algo transcedental.

II.Todos os homens são idealistas, pois anseiam por algo além da satisfação física.
Na iniciativa de elaborar soluções para o drama da existência, resultamos em inspirações primitivas, amortizadas por verdadeiros sistemas filosóficos e religiosos. Esses sistemas são elaborados e formulam cadeias imaginárias, como o totemismo, animismo, ou concepções teistas e ateístas. A repercussão dos mesmos reside na problemática de viver numa limitada existência em busca de perfeição. Desta forma poderemos abusar de conclusões, e inexplicavelmente dizer que o homem, necessita “acreditar” em algo para diagnosticar a existência.

III.Como existir e ser robotizado pela necessidade de se viver socialmente?
Enquanto o homem se socializa, se educa, se descobre como limitado, e por isso busca um apoio social, rompe-se o laço natural chamado liberdade.
A sociedade em que somos obrigados a viver, com nossas crises, limita nossa liberdade no controle do instinto animal, então, condicionados, nos tornamos racionais.
Neste ciclo vicioso que aceitamos existir, onde nascemos, são delimitados nossos caminhos serviçais, vivemos na deriva, na subjugação.
Estava louco Rousseau ao dizer, “O homem nasce puro, a sociedade o corrompe”? É mais correto existir e ser racional o suficiente para dizer que não se é livre?

Marcon, maio de 1988

Bons Livros pra se Viver

  • Antologia Poética, Caslos Drummond de Andrade
  • As Três Irmâs, Tchekhov,
  • Cartas a Théo - Vincent Van Gogh
  • Como Quem Risca a Pedra, Paulo Sá Brito
  • Eu e Outras Poesias - Augusto dos Anjos
  • Moll Flanders, Daniel Defoe
  • O Macaco Nu, Desmond Morris
  • O Mundo Como Vontade de Representação, Arthur Schopenhauer
  • O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde
  • O Sofrimento do Jovem Werther - Johann Wolfgang Goethe
  • Pequeno Mundo, Hermann Hesse
  • Tocaia Grande, Jorge Amado
  • Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas - Pirsig Robert M.

Além do ponto...

Terra do Nunca, Imaginariun, Brazil
Um ser comum, eventualmente comunicável, geralmente distante, pensando...